Quietinho ou Solitário?

30/05/2011 13:28

 

EEFM PROF.MÁRIO SCHENBERG

COORDENAÇÃO DE ENSINO

CLIDENOR VASCONCELOS

 

Quietinho ou solitário?

Por trás daquele comportamento impecável de aluno que não abre a boca e nunca se metem em confusão, pode existir uma criança solitária. Ampará-la é mais fácil - e importante! - do que você imagina

Raquel Ribeiro

Vai haver um jogo e duas crianças começam a escolher seus times. "Quero Pedro.Vem, Carol!", e assim a garotada forma as equipes. No final, sobram dois ou três que ninguém quer e que ficam na reserva. Em toda escola há turmas assim. Mas às vezes, antes que o grupo ponha de lado alguns colegas, eles mesmos se isolam. Aluno que sempre lancha sozinho, se recusa a fazer trabalho em grupo, fala pouco e não participa das aulas dá sinais de que precisa de ajuda. A razão do isolamento pode estar na incapacidade de trocar, e o professor tem meios de intervir.
As causas da solidão podem ser transitórias, como a separação dos pais, a chegada de um irmão ou a morte de alguém querido. Os motivos estão também na própria escola. Por vezes, eles se referem à aprendizagem: a criança tem dificuldade em aprender ou é muito inteligente e não consegue se interessar pelas atividades ou pelos colegas. 

João* é um dos melhores alunos do Colégio Assunção, em São Paulo, mas não se relaciona com os colegas: prefere fazer sozinho trabalhos que os outros fazem em grupo e não participa das brincadeiras da turma. "Ele está centrado demais nos próprios desejos. Integrar-se implica ceder, se doar, e isso ele não sabe fazer", explica a coordenadora Adília Torres Cristófaro.
Algumas crianças mais introvertidas, geralmente dotadas de talentos artísticos, têm muita dificuldade de se enturmar. O isolamento é uma decisão pensada. "Esses alunos também merecem atenção especial e devem ter seus interesses respeitados", diz Inês Ribeiro, psicanalista do Colégio Freudiano do Rio de Janeiro. Há ainda os que se isolam para se proteger, porque não conseguem acompanhar o desempenho da turma, e os que se afastam porque são hostilizados pelos demais. É comum, em situações desse tipo, o estudante criar amigos imaginários. Se o mundo real não oferece possibilidades de relacionamento, ele prefere a fantasia.

Como ajudar seu aluno a se entrosar
Isolamento social e tristeza podem ser sinais de depressão, de acordo com a psicóloga Miriam Cruvinel, de Campinas (SP). Autora de uma tese sobre depressão infantil e rendimento escolar, ela aponta outros sinais do distúrbio: dificuldade de expressão, sentimento de culpa e de rejeição, falta de motivação, sonolência, irritabilidade e pessimismo — a criança tem pensamentos negativos do tipo "não sou boa em nada". Em casos como esses, é fundamental sua aproximação. Por isso, tente motivá-la e elogiá-la. Lembre-se: todos precisam de amor e compreensão.
Há uma comprovada relação entre depressão infantil e falta de amizade — e essa pode ser uma ótima bússola para você identificar o que acontece com o aluno. Jussara Tortella, professora da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista (SP), escreveu uma tese de doutorado sobre a amizade e sugere que o educador incentive a turma a acolher o colega solitário. Outro caminho é explorar o talento do estudante em aulas de teatro e oficinas de arte, na produção de um jornal ou em pesquisas de laboratório. A atividade servirá de ponte para aproximação com o grupo. Assim fez Adília, do Colégio Assunção, para resolver o caso do aluno João. Com a ajuda da professora, ela começou a aproximar o garoto dos colegas que tinham os mesmos interesses que ele.
A postura do professor diante dos que são rejeitados ou ignorados pelo grupo é decisiva. "Muito quietos, os alunos negligenciados não dão trabalho ao professor, que pode pensar: 'Se todos fossem assim, que bom seria!' Só que eles precisam de apoio!", ressalta Jussara. Segundo a pesquisadora, a resposta mais comum da criança diante da pergunta "quando você se sente solitário?" é "quando não tenho um amigo".
A troca de informações com os pais do aluno é outro ponto importante, até para você saber se ele se comporta do mesmo modo fora da escola. Nem sempre o professor consegue dar conta do recado e o encaminhamento a um terapeuta é necessário. Mesmo assim, seu papel é crucial: perceber que ele precisa de cuidado já ajuda muito. "No início é mais fácil resolver o problema. Com o tempo, os estragos na auto-imagem são maiores", diz Miriam Cruvinel.

Vale lembrar que nem todo tímido desenvolve depressão e nem toda separação ou perda leva à tristeza profunda. Além disso, uma criança solitária não terá necessariamente o mesmo comportamento pelo resto de sua vida. O artista Leonardo da Vinci foi uma criança solitária. O físico Albert Einstein e o cineasta François Truffaut também! "Com certeza, o olhar do adulto e o apoio que a criança recebe são determinantes para sua felicidade", afirma Adília.

* O nome foi trocado para preservar a identidade da criança

Atividades que fortalecem o grupo

Veja alguns caminhos sugeridos por Jussara Tortella para auxiliar o aluno a se entrosar.

■ Explorar com o grupo atividades de expressão artística. Desenhos, teatro e brincadeiras permitem criar personagens e colocar para fora medos, angústias e tristezas.

■ Montar com a turma um caderno cheio de desenhos para presentear os aniversariantes da sala de aula.

■ Elaborar perguntas que levem a garotada a falar das emoções. Sugestões: como você reage quando um amigo perde a calma e fica agressivo? Como você se sente quando briga com um amigo? Você consegue falar de seus sentimentos para outras pessoas? Para quem você contaria um segredo?

■ Propor atividades divertidas, recreativas ou pedagógicas, em que os alunos precisem se ajudar, se tocar e trocar idéias. Por exemplo: assista com a turma ao filme Toy Story 1. Discuta o tema amizade e toque a música Amigo Estou Aqui, que faz parte da trilha sonora. Os alunos caminham enquanto escutam a música. Quando você abaixar o som, eles devem cumprimentar um colega. A música começa de novo e, quando pára, eles cumprimentam outro com um gesto diferente.

 

Tópico: Quietinho ou Solitário?

Data: 10/06/2011

De: andre

Assunto: timidez

encontro alguns casos assim em nossa escola e acho difícil trabalhar com esse tipo de atitude. já vi casos e casos, mas em todos o momento em trabalho em equipe é dificil. alguns ate tentam, mas pelo aluno ser considerado mais inteligente os demais nao fazem nada e o que normalmente se isolaria e tentou dar uma chance ao coletivo acaba fazendo sozinho, outras vezes pura preguiça ¬¬ (é, infelizmente temos esses casos), outras vezes temos a desculpa mais infantil "ninguem me escolheu" que se torna ainda mais dificil por conta de alunos ja enturmados não quererem o aluno isolado.

é um desafio...

Data: 09/06/2011

De: Etelvina

Assunto: Quietinho ou Solitário?

Sabemos que as questões emocionais tem tudo a ver com o desempenho na escola. Percebo esses comportamentos no dia-a-dia da sala de aula, tento estabelecer comunicação através do olhar, passo pelas fileiras e tento estar mais perto do aluno. Mexo com um e com outro; pergunto o que está fazendo, se está copiando, se fez a tarefa; porque anda faltando...algumas vêzes consigo aquele tempinho para perguntar sobre ele; mas o ideal ainda seria que tivéssemos um espaço mais apropriado para o aluno poder se abrir.
Acho que ajudamos, também, quando discutimos a questão de aceitar as diferenças que existem entre nós...

Data: 09/06/2011

De: Yury Uchoa

Assunto: Quietinho ou Solitário?

É importante dar uma atenção especial a esses alunos, pois por trás dessa timidez ou solidão, pode estar presente algum problema de ordem psicológica, e cabe ao professor tentar identificar o problema e encaminhar para o profissional competente. Nos cassos em que não há algum indicio de patologia, criar estratégias para inserí-lo ao grupo.

Data: 31/05/2011

De: Clidenor Vasconcelos

Assunto: Quietinho ou solitário?

No dia-a-dia de uma sala de aula, tem-se a necessidade de uma boa comunicação, ou seja, é de fundamental importância como a mensagem é transmitida, como ela é absorvida e interpretada.O ser humano tem uma extraordinária capacidade de desenvolver canais para as suas mensagens: o olhar, um gesto, o silêncio etc. Conseguem, muitas vezes, transmitir, não só mensagens, mas a emoção.Assim,temos que estar atentos ao comportamento do aluno,pois esse comportamento pode sinalizar problemas futuros.

Data: 30/05/2011

De: Leyly

Assunto: Quietinho ou Solitário?

Temos alguns casos na escola de alunos quietos e solitários. Em ambos os casos tive a oportunidade de conversar com os alunos e procurei encontrar a resposta para aquela situação, e uma solução para que os memso podessem ser mais participativos nas aulas. Cheguei a conclusão de que a escola sozinha não pode resolver esses problemas, é importante a orientação de um profissional qualificado que possa estra trabalhando essa "timidez", essa solidão pelo qual o estudande passa. A familia pode ajudar revelando o comportamento do jovem em casa, e depois acompanhando na escola. O ideal é que cada escola podesse contar com esse profissional qualificado para atender os alunos com essa "timidez". Mas como o ideal não existe, nós professores vamos identificando o problema e tentando solucionar com os recursos que dispomos.

Novo comentário